terça-feira, 3 de junho de 2014

American Football


American Football é uma banda de emo que, como toda boa banda emo, durou muito pouco. Em seus três anos de história, lançou um EP de três músicas e gravou um álbum, que só acabou por ser lançado algum tempo depois da banda ter terminado, em 1999.

Tendo tocado apenas alguns shows para públicos de no máximo 40 pessoas em porões de Illinois durante os anos 90, a banda é liderada por Mike Kinsella, que até então era conhecido por ter sido baterista de outra influente banda de emo, o Cap'n Jazz. 

Com letras extremamente simples e instrumental complexo, com afinações bizarras, ritmos quebrados e muito influenciado por post-rock, o charme do American Football está na facilidade em que uma pessoa pode se identificar com as letras.

Temos na faixa que abre o álbum, "Never Meant":

i just think it's best/because you can't miss what you forget
So lets just pretend/everything and anything/between you and me
was never meant.

QUEM NUNCA?!

Ou então na belíssima "Stay Home", que com seus oito minutos diz:

don't leave home again/if empathy takes energy
cause everyone feels just like you

Recentemente, foi anunciado que a banda voltará para alguns shows (nos Estados Unidos, claro) como comemoração dos 15 anos de lançamento do primeiro e único álbum. O negócio é torcer por vídeos de alta definição da platéia.

Bandas associadas constantemente ao American Football:
Cap'n Jazz, Owen

Se você gostou de American Football, você vai gostar de:
Owen, This Town Needs Guns, Joie de Vivre


Never Meant


Letters and Packages

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Frank Ocean - "channel ORANGE" (2012)


Frank Ocean é um rapper/singer-songwriter frequentemente associado com o grupo Odd Future e seus membros, como Tyler, the Creator e Earl Sweatshirt, que há algum tempo vem fazendo barulho na cena. No Brasil é famoso por ter uma de suas músicas no famigerado vídeo do Rei do Camarote. 

Porém, "channel ORANGE" está muito longe de ser um álbum de rap como o de grandes nomes do mainstream como Eminem, 50 Cent, Lil Wayne e esses figurões do estilo que ou nunca fizeram música realmente boa na vida ou não lançam algo bom já tem algum tempo.

Isso é um alívio, pois "channel ORANGE" é um ótimo álbum que segue um estilo pouco convencional, com grandes influências de soul, electro-funk (não confundir com MC Mayara) e R&B. 

Em sua pouco mais de 1 hora de duração e com vários skits divertidos, dentre eles a faixa de abertura "Start" que conta com sons nostálgicos como o som característico de um Playstation e uma parceria não muito memorável com John Mayer, Frank Ocean aborda os mais diversos assuntos.

Dentre eles, temos ostentação e vida de moleques mimados milionários com "Super Rich Kids", que conta com uma participação brilhante do já mencionado Earl Sweatshirt, amor incerto com "Thinkin Bout You", drogas em "Crack Rock" e questionamentos sobre religião em "Bad Religion".

O grande destaque do álbum é a faixa "Pink Matter" que conta com a participação do lendário André 3000, membro do OutKast. Melancólica ao extremo, Frank Ocean consegue colocar uma referência a Dragon Ball Z na letra. QUEM QUE CONSEGUE FAZER ISSO E NÃO PARECER RIDÍCULO? Frank Ocean consegue. O rap de André 3000 é incrível, com um flow invejável.

O único ponto realmente baixo no álbum pra mim é a faixa "Pyramids", que tem quase 10 minutos de duração. Não sei onde Frank quis chegar com a música, que é bem repetitiva, mas ela não afeta em tanto o álbum. É só pular.

Pontos Altos:
"Thinkin Bout You", "Super Rich Kids", "Crack Rock", "Pink Matter"

Pontos Baixos:
"Pyramids", "Monks", "End"

Download

Tracklist:

1 - "Start"
2 - "Thinkin Bout You"
3 - "Fertilizer"
4 - "Sierra Leone"
5 - "Sweet Life"
6 - "Not Just Money"
7 - "Super Rich Kids (feat. Earl Sweatshirt)"
8 - "Pilot Jones"
9 - "Crack Rock"
10 - "Pyramids"
11 - "Lost"
12 - "White (feat. John Mayer)"
13 - "Monks"
14 - "Bad Religion"
15 - "Pink Matter (feat. André 3000)"
16 - "Forrest Gump"
17 - "End"

Pink Matter (feat. André 3000)



sexta-feira, 2 de maio de 2014

My Bloody Valentine



My Bloody Valentine (jamais confunda com Bullet for My Valentine) é uma banda formada nos anos 80 em Dublin, na Irlanda. É facilmente uma das bandas mais influentes da história do rock alternativo, notória por seu largo uso de distorção, reverb e a criação de verdadeiras "paredes de barulho", coisa que só fará sentido uma vez que você ouvir o lendário e incrível "Loveless" (1991).

A história do My Bloody Valentine se confunde com a história do shoegaze, estilo surgido no Reino Unido no meio dos anos 80. Provavelmente por ter sido contemporâneo do grunge, não recebeu tanta atenção assim da grande mídia. Shoegaze é um nome curioso dado pela mídia da época, pois os instrumentistas que tocavam esse instrumento não paravam de encarar seus próprios sapatos (shoegazing), pois ficavam o tempo todo olhando para o conjunto de pedais de suas guitarras, que são responsáveis pela distorção marcante do gênero.

O segundo álbum da banda, o já mencionado"Loveless", provavelmente é um dos melhores álbuns da história e com certeza um dos três melhores dos anos 90. Gravado em dezenove estúdios diferentes no período de dois anos, quase levou a gravadora responsável à falência, devido à atitude do líder da banda, Kevin Shields, que é uma pessoa extremamente detalhista e gravou e regravou diversas vezes o álbum.

Enquanto que por um lado Shields também canta no álbum, o destaque fica com os vocais etéreos de Bilinda Butcher. Já alerto que é perfeitamente normal em um disco de shoegaze não entender absolutamente nada que é cantado, já que essa não é a intenção da música. O vocal é gravado sem destaque e é tratado como um outro instrumento, que está lá só pra adicionar mais uma textura à música do que pra passar alguma mensagem. Contudo, é fácil perceber que as letras das canções são bem bonitas.

Bandas associadas constantemente ao My Bloody Valentine:
Slowdive, The Jesus and Mary Chain, Ride

Se você gostou de My Bloody Valentine, você vai gostar de:
Slowdive, Ringo Deathstarr

Download - Loveless (1991)
When You Sleep


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Coletânea real emo



Sempre que digo que meu estilo favorito de música é emo, presencio as mais diversas reações. "Tipo My Chemical Romance?" ou "Você não tem cara de quem curte Fall Out Boy.". Apesar de num passado relativamente distante eu ter curtido essas bandas, é complicado explicar pras pessoas que emo não se trata de The Used ou blink-182.

Nenhuma das bandas que eu citei são emo ou coisa que o valha. Nenhuma banda de emo usa maquiagem na cara ou se veste de preto. A foto que ilustra esse post se trata de Sunny Day Real Estate, que provavelmente é mais famosa por ter emprestado dois de seus membros para a primeira encarnação do Foo Fighters do que por suas músicas sensacionais. Nenhum deles tem franjinha na cara, nota-se.

Como minha intenção não é dar uma aula de história, não deixei a playlist só para os criadores do emo. Há músicas das mais calminhas e bonitas ("Letters and Packages", "The North End") até as mais ríspidas ("Drug Lord", "Amends"). Bandas brasileiras também, as sensacionais Polara e Ludovic. Tem até Weezer, que você provavelmente achava que nada tinha a ver com emo.

Enjoy.

Escute a playlist online aqui!

1 - This Town Needs Guns - Chinchilla
2 - Sunny Day Real Estate - In Circles
3 - Mineral - Gloria
4 - Polara - Boate
5 - Weezer - Why Bother?
6 - William Bonney - Drug Lord
7 - American Football - Letters and Packages
8 - Ludovic - Janeiro Continua Sendo o Pior dos Meses
9 - Cap'n Jazz - Basil's Kite
10 - Joie de Vivre - The North End
11 - Snowing - Sam Rudich
12 - Touché Amoré - Amends

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Neutral Milk Hotel - "In The Aeroplane Over the Sea" (1998)



Se você se considera fã de indie rock e não mora embaixo de uma pedra ou dentro de uma bolha, você com certeza já ouviu falar de "In the Aeroplane Over the Sea", do Neutral Milk Hotel. Talvez não tenha ouvido falar, mas viu a icônica capa do álbum em algum lugar.

Tudo isso, obviamente, tem um motivo: o álbum, lançado em 1998, é sensacional. O intuito deste post é te convencer a ouví-lo pelo menos uma vez, dar uma chance à  banda de nome bizarro.

É possível considerar "In the Aeroplane Over the Sea" um álbum conceitual, mesmo que a banda nunca tenha confirmado isso. As letras frequentemente se relacionam, quase sempre indiretamente, à Anne Frank. Existe também a parcela dos fãs que simplesmente diz que as letras não são sobre nada em específico e sim sobre sensações.

Essas emoções que Jeff Mangum, compositor de praticamente tudo que se ouve no disco, estão escancaradas na faixa título "In the Aeroplane Over the Sea", mas "Communist Daughter" e "Oh Comely" não ficam atrás. Músicas que evocam sentimentos de nostalgia, desilusão e às vezes até desespero graças a incrível interpretação de Mangum, que a princípio pode parecer até um pouco exagerada.

Porém, "In the Aeroplane Over the Sea" está longe de ser um disco somente para dias chuvosos. Canções contagiantes como as duas "The King of Carrot Flowers", "Holland, 1945", com seus instrumentos de sopro (sempre presentes no álbum!) e baixo distorcido, "Ghost" trás ainda mais distorção e sopro no meio de uma letra bizarra sobre Anne Frank e a instrumental "Untitled" ajuda bem a compor o lado ensolarado do álbum.

As frases que Mangum constrói no decorrer do álbum vão de enigmáticas, que aqui é só um jeito bonito de dizer sem sentido, até versos maravilhosos, daqueles que o indie-rocker padrão do seu Facebook pega e arruina ao postar na timeline dele com intuito de arrebatar likes.

A sensação que predomina, ao fim dos quase 40 minutos de disco, é que na realidade se passaram 5. O sentimento de que eu viajei por vários lugares e senti coisas que eu não tenho a mínima ideia do motivo também é recorrente. Cada música te leva pra um lugar diferente e eu sinceramente não conheço muitas obras que tem esse poder.

Pontos Altos:
"The King of Carrot Flowers Parts 1, 2 & 3", "In the Aeroplane Over the Sea", "Communist Daughter", "Oh Comely"

Pontos Baixos:
"Two-Headed Boy"

Download

Tracklist:

1 - "The King of Carrot Flowers Part 1"
2 - "The King of Carrot Flowers Parts 2 & 3"
3 - "In the Aeroplane Over the Sea"
4 - "Two Headed-Boy"
5 - "The Fool"
6 - "Holland, 1945"
7 - "Communist Daughter"
8 - "Oh Comely"
9 - "Ghost"
10 - [untitled]
11 - "Two-Headed Boy Part 2"

In the Aeroplane Over the Sea

London Grammar

          



         A banda oriunda de Nottingham, Inglaterra, formada por Hannah Reid, Dan Rothman e Dominic ‘Dot’ Major, tem uma sonoridade que conquista em um primeiro contato. Os arranjos são simples, basicamente feito de batidas produzidas no teclado, o mesmo que produz acordes graves e de longa duração no fundo mesclando com toques de música eletrônica. A guitarra mantém riffs abafados que casam muito bem com os temas da banda.

         Hannah Reid!! É definitivamente o destaque da banda com uma voz potente de tom grave e afinação excepcional. Hannah é dona de uma voz pouco comum e de uma sonoridade impressionante.

         Pode-se listar London Grammar como uma trilha sonora perfeita para dias chuvosos. Parece que tudo casa perfeitamente.

         O álbum “If You Wait”, lançado em 2013, é o único na carreira da banda, mas é uma esperança de que mais música de alta qualidade siga sendo produzida. Das faixas presentes destaco: “Hey Now” que abre o disco de maneira imponente, “Sights” que é uma amostra da forma como a banda produz um som de potência, “ Strong” talvez o single mais conhecido da banda e “ If You Wait” em que o arranjo é mera formalidade para que Hannah Reid se sobressaia e mostre todo seu talento.


        Confira o vídeo de um gravado à rádio KEXP:



terça-feira, 29 de abril de 2014

Coletânea músicas tristes


Entrando na onda do post sobre frio, resolvi montar uma playlist depressiva. Você pode até não admitir mas,  de vez em quando, quando tudo dá errado, em vez de querer sair do buraco você quer ir até o fundo dele e ficar lá, se remoendo. Essa é a coletânea para esses momentos de auto estima subterrânea.

Clique aqui para ouvir online!

1 - Carissa's Wierd - You Should Be Hated Here
2 - James Blake - The Wilhelm Scream
3 - Radiohead - How to Disappear Completely
4 - The Smiths - Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me
5 - American Football - Never Meant
6 - Frank Ocean - Pink Matter (feat. Andre 3000)
7 - Jeff Buckley - So Real
8 - Cícero - Ensaio Sobre Ela
9 - Mogwai - Take Me Somewhere Nice
10 - Tiê - Assinado Eu
11 - Los Hermanos - Sentimental
12 - Feist - Still True
13 - Elliott Smith - Angeles
14 - My Bloody Valentine - Sometimes
15 - Bon Iver - Re: Stacks


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Coletânea músicas para dias frios


O frio definitivamente chegou no estado de São Paulo e pra celebrar sua gloriosa chegada, resolvi montar uma playlist com músicas para se ouvir embaixo das cobertas, imóvel e sem querer levantar-se nunca.

Clique aqui para ouvir online!

1 - Sufjan Stevens - Concerning the UFO Sighting Near Highland, Illinois
2 - Sigur Rós - Svefn-g-englar
3 - Owen - Accidentally
4 - Alcest - Souvenirs d'un Autre Monde
5 - Bon Iver - Holocene
6 - Ra Ra Riot - You and I
7 - Radiohead - Nude
8 - múm - Weeping Rock, Rock
9 - Mogwai - I Know What You Are But What Am I?
10 - Portishead - Roads
11 - Death Cab for Cutie - Transatlanticism

A intenção da coletânea é apresentar bandas menos conhecidas e introduzir músicas menos óbvias dos catálogos das bandas mais famosas.

domingo, 27 de abril de 2014

Dinosaur Jr.


Na tentativa de ressuscitar o blog, sou um dos novos colaboradores do Música Diferenciada, André Amadeu, e curto música pra caralho. É isso! Vamos ao primeiro post da volta do blog:

Provavelmente a banda mais influente que você nunca ouviu falar, o Dinosaur Jr. é um marco na música dita "alternativa" dos anos 80. Deixando marcas profundas no rock desde seu álbum "You're Living All Over Me" (1987), agregando elementos do punk rock, rock clássico e adiantando elementos de estilos que ainda viriam a surgir, como o shoegaze. Sempre com músicas de guitarras marcantes e  muito distorcidas, característica do guitarrista-vocalista e mandachuva da banda, J Mascis.

Dono de uma voz nem um pouco comum (e muitas vezes impopular), Mascis expulsou o baixista Lou Barlow, que então passou a dedicar ao seu então projeto paralelo Sebadoh, depois das gravações do álbum "Bug" (1988). Alguns anos se passaram e, depois de mais mudanças constantes na formação (e um declínio notável na qualidade da banda), o projeto Dinosaur Jr. chegou ao fim em 1997.

Porém, depois de muitas conversas entre a formação original da banda, o Dinosaur Jr. voltou com "Beyond" (2007) e desde então tem lançado um álbum a cada 2 ou 3 anos, com a mesma qualidade e originalidade dos anos 80.

Bandas associadas constantemente ao Dinosaur Jr.:
Nirvana, Pixies, Sonic Youth

Se você gostou de Dinosaur Jr., você vai gostar de:
Yuck, Sebadoh


Recognition (com Lou Barlow nos vocais!)